Budô (武道)
Literalmente, caminho (道, “dô”) da guerra (武, “bu”), o termo budô é difícil de explicar, já que é muito ambíguo, mesmo para os japoneses e praticantes de artes marciais.
A palavra é relativamente recente, formada no começo do período Meiji (1868-1912), num clima dominado pela necessidade de defesa do ameaçado estado japonês. Refere-se à noção bélica do bujutsu. Cronologicamente, um embrião do que seria chamado de budô aparecia já no período Edo (1603-1867).
De fato, durante o período Edo, o shogun da família Tokugawa estabeleceu seu controle por todo o Japão e impôs um governo central forte, assegurando um longo período de paz que permaneceu até a reabertura do país para as relações estrangeiras no século XIX.
Durante esse longo período de paz, os guerreiros gradualmente tiveram de procurar outras ocupações para aperfeiçoar suas técnicas de combate. Essa também foi uma profunda mudança no modo de transmitir o conhecimento técnico e, dessa forma, a maneira de ensinar. Realmente, a prática, que até agora só havia sido transmitida para uma classe de elite, abriu caminho para o ensino das massas.
Essa abertura foi feita através da criação de escolas formais, demonstrações públicas e a formação de discípulos e seguidores. Com a proliferação de novas escolas, a transmissão de documentos se tornou progressivamente sofisticada, com tendência à especialização.
A pesquisa do “dô”, o caminho
O conceito de “dô” se desenvolve pouco a pouco, associado à consciência profunda do dever para com seu senhor que cada guerreiro tinha que ter. Aceitar o “dô” significava procurar não matar, o que era contraditório às práticas do bujutsu. As técnicas marciais se tornaram, por isso, progressivamente sofisticadas e em coexistência com a espiritualidade.
As artes do budô se tornam menos e menos fatais. Sutilmente, as técnicas do budô foram desenvolvidas tendo como base a liberdade de movimento que as novas vestimentas que surgiam oferecia. Dessa forma, pouco a pouco, certas disciplinas do bujutsu ( kenjutsu, bojutsu, jojutsu, etc) alcançaram um alto grau de desenvolvimento, sem o objetivo de matar.
A prática dessas disciplinas desde o ângulo do budô visava os treinamentos físico e psicológico, dois aspectos considerados inseparáveis.* texto extraído do livro A Arte do Ninja - Entre ilusão e realidade - Kacem Zoughari - Editora JBC
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